Sessão especial na Câmara de Vereadores apresentou à comunidade projeto que pretende trazer água do Lami para abastecer Viamão. Dependência do Rio Gravataí será cada vez menor até 2034
Uma nova estação de tratamento de água, que será implantada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) junto à praia do Lami, na Zona Sul de Porto Alegre promete acabar com a necessidade de captação de água para Viamão, junto ao Rio Gravataí até 2034.
O projeto que prevê a construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) com capacidade inicial de purificar 800 litros de água por segundo foi apresentado por técnicos da estatal durante a sessão especial desta quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Viamão.
Água para os próximos vinte anos
Um sistema que vai diminuir a necessidade de água do Rio Gravataí nos próximos vinte anos e talvez até mesmo encerrar esta dependência. É isso que o superintendente regional da Corsan, Alexandre Andriola vislumbra para o futuro de Viamão. “Temos uma postura bastante otimista porque o local de captação, no Lami, pelos estudos que realizamos, apresenta uma boa bacia para captação, que inicialmente nos permitirá purificar 800 litros por segundo, com a construção de dois módulos de tratamento que podem ser duplicados em vinte anos”, explica.
O projeto prevê,
além da estação de tratamento, a construção de cerca de 20 quilômetros de adutoras que ligarão a unidade de tratamento ao reservatório localizado na Viamópolis e a partir dali a água tratada será encaminhada à rede de distribuição. “No princípio realizaremos a captação em duas pontas do sistema: no Lami e no Rio Gravataí, em Alvorada, o que vai possibilitar o equilíbrio do sistema. Mas no futuro, com a duplicação da ETA do Lami e a captação no Arroio Fiúza e nos poços na região de Itapuã, poderemos ser autosuficientes, chegando a quase 1.700 litros por segundo de água tratada na rede de distribuição da cidade”, argumenta Andriola.
Recursos do Ministério das Cidades
Com a fase de estudos e o projeto concluído e orçado, Andriola explica que agora a estatal e o Governo do Estado estão empenhados em conseguir os recursos necessários para a construção da estação de tratamento, a adutora e as duas estações elevatórias necessárias para que a água tratada vença a distancia entre o Lami e Viamão. “Estamos pleiteando junto ao Ministério das Cidades os R$ 55 milhões necessários para tirar esta obra do papel. O trabalho técnico já foi realizado e agora é hora de um esforço político, junto aos canais de liberação destes recursos em Brasília”, comenta.
Representando a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Viamão (Acivi), Rafael Mennet vê com bastante entusiasmo a possibilidade de Viamão contar com uma alternativa para o abastecimento de água. Mennet, que também faz parte do grupo de trabalho Viamão Que Queremos, lembra que a temática da água envolveu em torno de 14 entidades locais que juntas buscaram soluções e apontavam a captação de água junto à orla do Guaíba e da lagoa dos patos como alternativa mais coerente para o abastecimento do município. “Agora que o projeto e o local estão definidos, temos que reforçar a mobilização e pressionar o Governo Federal, através do Ministério das Cidades para que esses recursos sejam liberados. Isso é importante para o futuro de Viamão”, afirmou.
Termo de Posse para ligação de água
O presidente da Câmara Municipal, vereador Armando Azambuja (PT), aproveitou a sessão especial para reivindicar junto ao superintendente regional da Corsan, Alexandre Andriola, o direito dos moradores de Viamão, de realizarem o pedido de ligação à rede de abastecimento de água domiciliar ou a troca de titularidade na conta de água, com documentos como a Escritura de Posse, com contratos de compra e venda ou ainda, com o termo de posse, uma vez que hoje a Corsan aceita somente a matrícula do Registro de Imóveis para estes procedimentos.
“O município tem a necessidade de uma política de regularização fundiária em muitas áreas rurais e urbanas, das quais os moradores têm a propriedade de fato e de direito, mas por motivos de força maior, não foram oficiados ainda pelo Registro de Imóveis. Por isso é necessária certa dose de bom senso por parte da Corsan, para garantir esse direito universal dos cidadãos, que é o acesso à água tratada”, justificou Armando.
O vereador apontou o Termo de Posse, que poderá ser fornecido pela Prefeitura, como documento alternativo para que a população que esta em situação de regularização de seu imóvel, possa realizar a ligação de água ou a troca de titularidade das contas junto à Corsan. O superintendente da Corsan prometeu avaliar a proposta, como alternativa para resolver a questão.